Wilma já estava na morgue, quando o seu choro a salvou de ser declarada morta
Wilma é uma menina de 6 anos. É orfã de mãe, que morreu quando a menina, que é deficiente visual tinha apenas dois meses de vida. Quando nasceu, no hospital provincial de Xai-Xai - para onde a mãe, que também era deficiente visual, foi transferida de um posto de saúde em Manjacaze devido a complicações no parto - Wilma não mostrava nenhum sinal vital, facto que levou a equipe médica a encaminhá-la à morgue por tê-la considerado morta. Algum tempo depois, uma enfermeira que passava por perto ouviu o choro de um bebé. Era a pequena Wilma, que afinal estava viva. A recém-nascida foi imediatamente submetida a alguns tratamentos.
Wilma, cujo pai nunca a assumiu como filha nem se sabe do paradeiro, nasceu com deficiência visual. Hoje, vive com a avó Julieta, de 63 anos e seus três primos em Gala Kala, um povoado muito carenciado localizado no distrito de Manjacaze, que dista a aproximadamente 100 Km da cidade de Xai-xai.A familia tem como base de sustento a agricultura e conta também com o pequeno subsídio mensal que a prima da Wilma, Rosa, de 19 anos ganha como voluntária (facilitadora) na escolinha montada pela Save the Children, a mesma que Wilma frequenta. A deficiência da Wilma não foi à priori encarada como tal pela família, que pensava tratar-se de estrabismo.
Programa de Educação Inclusiva da Save the Children abre novos horizontes na vida de Wilma
No âmbito do programa DECIPE, do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, implementado pela Save the Children em 70 comunidades dos distritos de Manjacaze e Xai-Xai estão a ser capacitados facilitadores em como trabalhar com crianças em idade pré-escolar (3-5anos). A este programa foi acrescentado um projecto de Educacação Inclusiva financiado pela Save the Children – Itália, que consiste em treinar facilitadores, professores, directores das escolas, líderes comunitários em metodologias de educação inclusiva. Neste contexto foram montadas dentro destas comunidades 18 escolinhas de educação inclusiva, sendo 9 em cada distrito.
Foi numa destas escolinhas que, no decurso de uma actividade de inspecção médica, a família da Wilma foi recomendada que a menina fosse observada por um médico. Porque o posto de saúde da sua comunidade não estava equipado para atender a casos como o da Wilma, foi-lhe passada uma guia de transfência para o hospital provincial de Xai-Xai, onde a menina está a receber tratamento. Apesar dos 100 km de distância, a avó da Wilma continua a acompanhar a neta às consultas mensais recomendadas pelos médicos.
Wilma concluiu o nível pré-escolar no ano passado e já sabe segurar no lápis, rabiscar, cantar, contar e soletrar algumas letras. A passagem pela escolinha abriu outros horizontes a esta criança, que sonha ser médica “porque quero ajudar as crianças que tenham o mesmo problema que eu”, esclarece. Graças à parceria com o Centro de Recursos de Educação Inclusiva da Macia (CREI) a pequena Wilma já está a frequentar a 1a classe naquele centro.