DICIPE gradua pouco mais de 70 crianças em Chidenguele

Monday 17 December 2018

 

O Programa Desenvolvimento Integral da Criança em idade Pré-escolar (DICIPE) implementado pela Save the Children International em Moçambique e fincanciado  pelo Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano graduou, no final de Novembro, pouco mais de 70 crianças beneficiárias do projecto. Vestidos a rigor, com o traje a prenunciar uma celebração igual daqui a pouco mais de dez anos, os ‘quadros’ mirins tiveram a primeira cerimónia de graduação das suas vidas assistida por representantes da SCiMoz, MINEDH, do governo distrital de Manjacaze, facilitadores e alunos da Escolinha Comunitária 25 de Junho, direcção da Escola Primária 25 de Junho, encarregados de educação e população em geral.

 

Rpresentantes da SCiMoz, MINEDH, do governo distrital de Manjacaze, facilitadores e alunos da Escolinha Comunitária 25 de Junho, direcção da Escola Primária 25 de Junho, encarregados de educação e população em geral.

 

Filomena Simião Langa foi uma das graduadas. Com um sorriso a escorrer-lhe o rosto, a menina de cinco anos vestiu a primeira batina da sua vida e recebeu o certificado das mãos do Director Provincial de Programas em Gaza, Américo Boaze. Filomena faz parte do segundo grupo de graduados do DICIPE ao nível daquela escolinha. Ao todo, de acordo com o Administrador Raúl Ouana, o distrito de Manjacaze tem 25 escolinhas do Programa, sendo uma delas a 25 de Junho, onde Filomena começou a frequentar em Janeiro, época em que segundo a mãe Bernardete Orlando Nhatiombe, a menina “era muito tímida. Ao acordar ajudava em algumas tarefas dométicas. Gostava também de brincar, mas era muito introvertida.”

 

 

Bernardete Nhatiombe, que é professora do ensino primário teve conhecimento da existência da escolinha do DICIPE e não hesitou em inscrever a filha “Quando ingressou, já tinha algumas noções porque eu vinha ensinando-lhe algumas coisas. Ela já sabia rabiscar o próprio nome. Com a escolinha veio aperfeiçoar. Já sabe contar, escrever. Tem uma irmã mais velha, que está a frequentar a segunda classe. Ela não pôde frequentar a escolinha porque era antes da sua instalação, mas fazendo uma comparação entre as duas, consigo verificar que a mais velha, nesta idade, não tinha as mesmas habilidades que a mais nova.”

 

Filhas de uma professora, com uma delas a frequentar as aulas do DICIPE, o resultado não podia ser diferente.. Aos poucos, a pequena Filomena vem transformando a sua casa em escola. “Gostam de ver e imitar bonecos animados. Noutros momentos chama pela mais velha e diz ‘vamos brincar de escola...mas eu sou a professora...’ e vai rabiscando pelas paredes. Quando me ouve a ler um texto imita-me e memoriza.”

 

Dentro de algumas semanas, a pequena Filomena estará a frequentar a primeira classe. Novos colegas, novos professores e novas metodologias de ensino. É uma realidade que não parece assustá-la, se calhar, porque tal como testemunha a professora Sarifa Ali Jamal, da Escola Primária 25 de Junho - para onde será transferido parte do grupo graduado - “contrariamente a uma criança que está a ter o seu primeiro contacto com a escola, a criança que vem do DICIPE já está familiarizada com o ambiente escolar, sabe expressar-se melhor, a comunicação com os professores flui naturalmente porque já teve contacto antes com os facilitadores. Ela permite que seja ensinada brincando.  O nosso livro, por exemplo, tem vários desenhos. Quando a criança passada pela escolinha vê o desenho, imediatamente sabe identificar de que se trata, porque na escolinha já vinha tendo contacto com diferentes objectos.”

As habilidades referidas pela professora estão comprovadas estatisticamente. “No ano passado entrou o primeiro grupo, que teve 80% de aproveitamento positivo na 1a classe”, revela a professora. A sustentar a tese, o Administrador do distrito de Manjacaze refere que “não tenho dúvidas que há uma evolução muito grande nas crianças que passam por este projecto, quando comparadas às demais. Pudemos notar na cerimónia, que as crianças estavam radiantes, destemidas perante o público que as veio assistir. É uma postura difícil de ver, tratando-se principalmente de crianças do campo.”

Recém-graduada, Filomena Simião Langa

Em jeito de conclusão, o dirigente realçou que “tanto pelo governo assim como pela própria população do distrito, o projecto foi e está a ser bem recebido. Gostariamos inclusive que o o mesmo continuasse. Como pudemos testemunhar na cerimónia de graduação, o programa permite que a criança aprenda algo antes de passar para a primária. Mas também permite aos pais que tenham tempo para cumprir com outras tarefas enquanto os filhos estão na escolinha.”