“Kudziua”: uma abordagem que promete mudar o futuro das crianças na Zambézia

Thursday 16 January 2020

A Save the Children está, desde Junho de 2018, a implementar um projecto denominado Kudziua em 12 comunidades dos distritos de Morrumbala e Milange, na província de Zambézia. O Projecto Kudziua (AID 011462) é financiado pela AICS - Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento, e implementado em parceria com a Rede Hopem e a Universidade de Bolonha (UNIBO). 

O Kudziua prevê uma abordagem integrada de três eixos de implementação que visa facilitar: 1. o acesso à educação pré-escolar de qualidade às crianças (de salientar que no primeiro ano da sua implementação, só na componente pré-escolar, o projecto beneficiou 924 crianças); 2. o acesso a programas, serviços de saúde e nutrição eficazes e de qualidade para as famílias e as comunidades; e 3. Por fim visa assegurar uma maior proteção dos menores contra a violência e abuso.

De um modo geral, o Kudziua tem como grupo-alvo crianças de 0 a 8 anos de idade e suas famílias. 

O projecto prevê o envolvimento directo de 8,592 crianças (das quais 55% meninas e 45% rapazes) e de 15,600 adultos (dos quais 96,3% são mulheres); dos indirectos, contam-se as crianças que formam os Comités de Proteção (120); os pais dos menores do grupo etário 0–8 anos (1,900 pessoas), os membros dos Comités de Gestão dos Centros DPI (420 pessoas) e as autoridades administrativas locais (180 pessoas).

  

1.    Educaçao pré-escolar

O projecto aspira facilitar o acesso à educação pré-escolar tendo em vista melhorar o desenvolvimento físico, socio-emotivo, linguístico e cognitivo das crianças que frequentam os centros de Desenvolvimento da Primeira Infância (DPI/ECCD).  Para o efeito, o projecto construiu 12 centros temporários em cada uma das 12 comunidades-alvo identificadas (seis em cada distrito), enquanto estão sendo finalizadas as obras de construção de igual número de escolas definitivas.Apesar das condições ainda precárias das salas de aulas, o projecto "Kudziua" matriculou 1008 crianças no seu primeiro ano

O Relatório de actividades realizadas do início do projecto até Dezembro de 2019indica que o Kudziua está a ter sucesso graças à uma estratégia de intervenção que privilegia acções de consciencialização dos líderes comunitários, pais, e outros membros da comunidade sobre a importância da educação pré-primária e da necessidade de incentivar, através de actividades específicas, as crianças em casa e nas escolas; e do entendimento da ligação existente entre saúde, salvaguarda e desenvolvimento cognitivo da criança.  As sessões de consciencialização contaram com a participação de cerca 4 mil pessoas nas seis comunidades-alvo do projecto no distrito de Milange, e de 3 mil pessoas nas outras seis comunidades de Morumbala.

Os  Centros de DPI/ECCD são geridos por Comités de Gestão, compostos por 10 membros em cada comunidade, que são envolvidos na planificação, avaliação dos programas educacionais e na manutenção dos centros. Paralelamente à estes comités, foi criado um grupo de 20 técnicos que, em seguida, formaram dois grupos de 12 facilitadores de leitura que começaram a familiarizar-se com as crianças (dois a cada duas comunidades, num total de 24 facilitadores).Apesar das condições ainda precárias das salas de aulas, o projecto "Kudziua" matriculou 1008 crianças no seu primeiro ano

Ademais,  o projecto conta com 60 animadores pré-escolares (48 efectivos e 12 suplentes) treinados em DPI por técnicos membros das principais instituições educativas locais como o Instituto de Formação de Professores (IFP); a Direcção Provincial de Educação e Desenvolvimento Humano (DPEDH); os Serviços Distritais de Saúde, Mulher e Acção Social (SDSMAS); e os Serviços Distritais de  Educação Juventude e Tecnologia (SDEJT), sob a supervisão da equipa de projecto. Os formadores foram previamente seleccionados e treinados por técnicos especializados em DPI da Save the Children. Esta modalidade de trabalho facilita o envolvimento dos parceiros governamentais a nível local nos processos de transmissão de competências, e consequentemente, de sustentabilidade do projecto.

Os materiais didáticos e recreativos usados nas escolinhas foram elaborados para serem facilmente adaptáveis ao contexto local e abordam temáticas relacionadas com a família, amizade, saúde e a importância do processo de aprendizagem. Parte deste material já está a ser utilizado nas escolas provisórias nas quais se realizam as actividades, enquanto outros destinados à afixação na parede, murais e jogos para actividades ao ar livre, serão desenvolvidos e fornecidos no segundo ano de projecto (já em curso), com a abertura das escolas actualmente em fase de construção.

 Para este menino, o segundo ano pré-escolar será mais promissor ainda. A partir de Março de 2020, as salas temporárias serão substituídas por novas, cuja construção está já na fase finalA partir de Março de 2020, as salas temporárias serão substituídas por estas, cuja construção está já na fase final

 Os primeiros resultados são tangíveis e positivos como pode-se notar nos seguintes indicadores alcançados: 1008 crianças que escreveram-se no ano passado na escola pré-escolar, das quais 386 graduaram-se e passaram para a Escola Primaria.

 

2.    Serviço da saúde

Na sua perspectiva holística, o projecto possui uma componente de saúde cujo objectivo é reduzir a taxa de desnutrição aguda das crianças, e assegurar-se que todas elas recebam as vacinas obrigatórias. Existem 12 comités de saúde, formados cada um por 25 membros, num total de 300 pessoas envolvidas. À  semelhança dos comités do DPI/ECCD, estes foram formados e ganharam competências nas áreas de nutrição, gestão integrada da saúde infantil, água, saneamento e higiene, planificação familiar e assistência tradicional ao parto.

O projecto trabalha em colaboração com as autoridades de saúde locais e, com vista a melhorar a prestação dos serviços às unidades sanitárias de referência das comunidades-alvo, tendo  desenvolvido algumas acções que incluiram a identificação, aquisição e distribuição de material médico-cirúrgico em quatro centros de saúde nos dois distritos. Esse equipamento vai, entre outros, reforçar os serviços de assistência destinados aos menores desnutridos, mulheres grávidas e as recém-mães.

Durante a implementação do projeto, uma vez por mês foi fornecido apoio técnico às Unidades de saúde na recolha dos dados e na gestão das atividades sanitárias com as comunidades e foram realizadas atividades de supervisão dos voluntários de saúde através da criação das brigadas móveis.Formação das enfermeiras das unidades sanitárias de referência de Morrumbala e Milange em reanimação neonatal

Foi igualmente providenciada uma formação específica para os profissionais de saúde relativamente às técnicas de Cuidados Intensivos Neonatais (helping babies breathe - HBB) e atenção aos bebés prematuros (Kangoroo Mother Care).

 

3.    Protecção dos menores

Na área da protecção à criança, a partir do segundo ano de projecto, o Kudziua criou e formou, em cada uma das 12 comunidades, um Comité Comunitário para a Protecção de Menores, cujos membros, que incluem 120 crianças, estão a ser munidas de capacidades para identificar, resolver ou denunciar casos às autoridades competentes.

 

Adicionalmente, o projecto possui uma componente de género, desenvolvido pelo parceiro HOPEM, que é reforçada através do auxílio aos Comités de Gestão de DPI/ECCD  na promoção de estratégias positivas de reforço das mensagens educativas por parte dos pais das crianças (positive parenting). Neste contexto, foram identificados, formados e coordenados 12 voluntários sobre a temática do género (um por comunidade). Na sequência, foram realizadas 12 sessões de promoção de mudança de comportamento dos pais das crianças que frequentam os centros com recurso ao uso do Manual das Competências Parentais.

 

Desafios do contexto

O projecto prevê afectar positivamente uma área extremamente vulnerável e pobre da Zambézia até  meados de 2021, mas um aspecto do contexto a ter em conta, é que a Zambézia é ciclicamente alvo de tempestades e chuvas fortes que acabaram por ter consequências bastante negativas pela população.

Estes aspecto afectaram também a implementação do projeto, em termos de accesibilidades às comunidades alvos. Algumas consequências importantes que ocorreram: o atraso na construção das escolinhas e consequentemente no fornecimento de uma educação de qualidade para as crianças; a possibilidade para as Unidades Sanitária, de atingir as comunidades ou viceversa não foi alcançada, fazendo com que os serviços de saúde fossem reduzidos.

A estratégia do Projecto para ultrapassar as dificuldades é trabalhar sempre em conjunto com as Autoridades locais para gerir todas as situaçoes de emergência e reduzir o isolamento das comunidades.

 #AISCMOÇAMBIQUE

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